23/11/2009

Dependência, ditaduras e Guerrilhas

(HG 331) SANTOS, Ana. América Latina: Dependência, ditaduras e Guerrilhas. In: O século XX. Vol.3, pp. 65-95
AMÉRICA LATINA NO SEC XX: DEPENDENCIA ECONÔMICA E CONFLITO SOCIAL
No início do sec XX a próroia integração ao mercado mundial levava a um certo grau de modernização e urbanização. Criou-se uma infra-estrutura de transporte, comunicações e serviços adequada à produção exportadora e seu escoamento. Proodução manufatureira para o incipiente mercado interno. Aparecimento de setores médios ligados às profissões e à burocracia das empresas e do estado. Novos grupos adquiriram feição antioligarquica.
Revolução mexicana 1910 contra a reeleição de Porfírio Días. Assume Emiliano Zapata, constituição de 1917 com reforma agrária.
No período entre as duas guerras modernização e diversificação avançou, alguns paises chegaram ao desenvolvimento de uma indústria que substituia as importações de bens de consumo para o mercado interno.
Surgiram partidos de esquerda e reformistas: defendiam o desenvolvimento economico, a luta contra o imperialismo, o fim das desigualdades social. As pressões das massas eram respondidas com golpes de Estado e por ditaduras. Em 1936 metade dos países latino-americanos vivia sob regimes militares. No méxico Lazaro Cárdenas radicalizou a reforma agraria (1935-37) e expropriou as cias de petroleo estrangeiras em 1938.
Após a 2GM o modelo nacionalista e desenvolvimentista se esgotava e acabaria por ceder lugar ao desenvolvimento associado. Nos anos 60 as soluções polítiicas tenderam a se radicalizar. Tornou-se difícil manter o sistema representativo quando as alianças entre os grupos sociais se romperam. Militarização da política latino-americana.
Dec 1980 transição para a democracia

ARGENTINA TRABALHADORES URBANOS E PERONISMO
Sec XIX e XX, economia se desenvolveu em torno da agricultura cerealífera e da pecuária bovina especialmente para o mercado europeu. Oligarquia conservadora afastou as massas da política. A cise de 1929 e a depressão mundial trouxeram a DÉCADA INFAME (1932-42). Em face da perspectiva de vitória dos radicais os conservadores só se mantinham no poder pela fraude eleitoral, corrupção governamental e deixando o campo livre para o capital estrangeiro. PERÓN se elegeu com o seu justicialismo: justiça social, independência econômica e soberania nacional, distributivismo, fomento à industria doméstica e política externa independente. Era uma doutrina de harmonia e bem-estar social, de um governo acima da luta de classes, pensada como uma alternativa entre capitalismo e comunismo, como uma filosofia social-cristã. Como parte do programa redistributivista e de manutenção dos salários baixos, taxou os fazendeiros e concedeu subsídios para alimentos. Nacionalizoau as empresas de serviço público. Com as divisas acumuladas durante a guerra, estimulou a industrialização. Apoiou a burguesia industrial, concedendo-lhe créditos, tarifas adequadas e controle de câmbio, e acenando com a contenção do proletariado. Perón fica no poder de 1946 a 55. Após 1949, mudanças nas condições econômicas começam a afetar o regime, as importações cresceram muito, a agricultura sofria declínio e estagnação, com as secas, com a concorrência americana, com a transformação das terras em pastos e com a expulsão dos arrendatários. Agricultura nao conseguia mais financiar bens de consumo intermediários e matérias primas. Aumento da dívida e da inflação. Reservas cambiais se esgotaram. Tomaram-se medidas para reduzir consumo, com congelamento de salários, controle sobre oferta de alimentos. Como resultado aumento do custo de vida e empobrecimento geral especialmente no campo, instabilidade política. 1952 moorre Evita santa dos descamisados. Governo se torna mais demagógico e repressivo. 1955 lider radical Arturo Frondizi criticou a violencia, a corrupção e a política do governo, sendo aprisionado. O apelo de Perón às massas, a possibilidade de armar os trabalhadores e a implantação de mais um estado de sítio mobilizou o exército. Perón renunciou. Intensificou-se a luta entre millitares e organizações peronistas, que culminou com o Cordobazo em 1969 e 1971. A violência se estenderia com o estabelecimento da guerrilha e de novo golpe militar em 1976. Após fracasso da Guerra das Malvinas, começaria o processo de transferência do poder aos civis.

A LUTA PELO SOCIALISMO: A REVOLUÇÃO CUBANA E A NICARÁGUA SANDINISTA
Depois da guerra de independência em 1898, Cuba se torna um país de faz-de-conta: intervencionismo americano na guerra contra a Espanha se perpetuava, institucionalizado pela emenda Platt à constituição cubana. A REVOLUÇÃO FRUSTRADA DE 1933, Gerardo Machado deixa Cuba em virtude de greve geral. Governo provisório deposto por estudante, trabalhadores e soldados. Decretada extinta a emenda Platt, garantido voto para as mulheres e a jornada de 8h de trabalho, o salario mínimo e o direito dos camponeses à tera que cultivam, nacionalizou-se a cia elétrica americana. Em 1934, Fulgêncio Batista depôs esse novo regime e permaneceu no controle político até 1959.
20 centrales (usinas de açúcar) detinham 1/5 da área total de Cuba e as condições dos trabalhadores eram as piores. Ao mesmo tempo os investimentos em turismo e cassinos faziam de Havana a Monte Carlo do Caribe, com aumento do jogo, da prostituição e do crime. Os protestos encontravam violenta repressao. A oposição se voltou para a ação armada.
Em 1953, Fidel Castro e 125 outros atacaram o quartel de Moncada em Santiago de Cuba. Derrotados. A autodefesa de Fidel circulou com o panfleto “A História me Absolverá”. Libertado em 1955, exilou-se no México. Em 1956, o barco Granna os levou (81 patriotas) refugiaram-se em Sierra Maestra. Seguiram a estratégia de abertura de colunas guerrilheiras cercando a área.
Em 1958 Batista lançou grande ofensiva em Siera Maestra mas suas tropas foram derrotadas. Duas colunas de guerrilheiros foram enviadas a Havana. Tropas do exército se recusavam a lutar. Batista fugiu para a República Dominicana. O apoio dos camponeses influenciou as ações do governo revolucionário. O novo regime promulgou de imediato uma lei de reforma agrária em maio de 1959. Fidel descrevia seu programa como democracia humanista sobre a base de liberdade para todos.
Os EUA apoiaram a contra-revolução. Cuba foi bombardeada por aviões que decolavam da Flórida. Navios eram sabotados em portos cubanos. Cortaram o fornecimento de petróleo e a Standard Oil e a Shell se recusavam a refinar o petróleo importado da URSS. As cootas de açúcar foram reduzidas e a exportações para Cuba suspensas, com sérios prejuízos para a estrutura produtiva. Cuba foi expulsa da OEA. Aumentava a sua aproximação com o bloco socialista, mas sem negar seu desejo de negociar com os EUA.
Em 1961, Fidel declarou que a revolução era socialista. No mesmo ano, em abril, a CIA organizou o desembarque na baía dos Porcos.
O modelo cubano viria a influenciar as táticas de revolução na América Latina. O camponês passou a ser visto como classe revolucionária. Para Che Guevara, o campo lideraria a cidade. Essas diretrizes estiveram presentes nas lutas guerrilheiras da Bolívia, Peru e Nicaragua.

A Nicarágua também era uma zona dentro da geopolítica americana. A primeira intervenção armada direta americana veio em 1855 e a ocupação militar durou de 1922 a 1925 e de 19226 a 1933. O café foi introduzido em 1850 e já em 1890 era o principal ramo de exportação. A diversificação pós 2GM inclui algodao, acúcar banana, madeira carne e ouro mas aprofundou o despojamento dos camponeses. O controle das exportações e do crédito permanecia em mãos de investidores estrangeiros associados à elite local.
A ditadura da família Somoza começou quando os EUA patrocinaram a criação da Guarda Nacional. Quando os EuA saíram o controle passou para Somoza que assassinou Augusto César Sandino lider liberal da guerrilha contra a ocupação americana. Transformou as forças armadas em máfia de uniforme dependentes do líder.
O regime cultivava apoio dos EUA, permitindo o estabelecimento de bases militares e o uso do país como campo de treinamento dos opositores do presidente da Guatemala pela CIA, enviando soldados para a Guerra da Coréia. Assassinado em 1956, foi substiituido pelos seus filhos.
No terremoto de 1972 que arrasou Managua, permitiu que a Guarda Nacional se apossasse do material da ajuda internacional e o vendessse. Depois de 1972, além das greves e demonstrações jovens da elite começaram a se juntar à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e setores empresariais começaram a ajudar o financiamento do movimento. A repressao foi denunciada pela Igreja Católica. E o regime encontrou ainda a pressao pelos DH de Jimmy Carter, eleito em 1977.
Em 1974 sandinistas conseguiram garande vitória invadiram festa de embaixador americano e fizeram reféns importantes, exigindo libertação de prisioneiros sandinistas, uma grande quantia em dinheiro e a transmissão de mensagens dos guerrilheiros ao povo da Nicarágua.
Em 1978 o Comandante Zero tomou o Palário Nacional, fazenod cerca de 2 mil reféns, acão teve grande repercussão mundial e desmoralizou a Guarda Nacional. Foi convocada uma greve geral e começou a insurreição armada nacional. Somosza fugiu do país.
Programa de governo envolvia melhoramento das condições de vida da população e a ampliação da participação política. Anunciou a criação da Nova Nicarágua. As liberdades civis e políticas foram respeitadas, mesmo para os criminosos de guerra e os cúmplices de Somoza. A pena de morte foi abolida. A liberdade de imprensa foi restabelecida. E os jornais de oposição foram livres para criticar a revolução e manifestar as preocupações da elite economica.A politica externa era baseada na autodeterminação e no não-alinhamento.
Incidentes na fronteira foram usados para justificar a ação do governo Reagan contra a Nicarágua. A CIA preparou um manual para sabotar a Nicarágua. Os contra realizavam incursões no território da Nicarágua a partir de Honduras e da Costa Rica. Em 1984 minaram os portos da Nicaragua, situação que levou ao estado de sítio d trouxe grandes prejuízos. A economia do país entrou em crise, agravada pela recessão mundial. Em 1985 eleições limpas com observadores internacionais. A FSLN obteve 67% dos votos e a presidência. Começaria a fase de consolidar a revolução, que continuaria a ser impedido pela ação dos contras e dos EUA.

MILITARISMO E POLÍTICA NO PERU: O GOVERNO REVOLUCIONÁRIO DAS FORÇAS ARMADAS
Por não falar espanhol, por pertencer a outra cultura, por ser índio ou mestiço o camponês estava à margem da vida nacional. Sindicatos rurais eram considerados subversão. Em 1924 foi fundada a Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA) por Victor Raul HAYA DE LA TORRE, com um nacionalismo populista. O regime se fechava e ditaduras militares se alternavam.na déc de 50 surgiu a Ação Popular e os camponeses começaram a se organizar. A luta camponesa esteve centralizada em dois tipos de moviemento:organizações rurais de massa e unidades de guerrilha. No Peru os setores-chave da economia estavam na mão do capital estrangeiro e cias americanas eram responsáveis por 90% da exportação de minerais. O gov da AP foi marcado por corrupção, escândalos financeiros, problemas economico e crise política, com obstrução do Congresso.
A International Petroleum Company (IPC) esgotara os campos, sem título legal e sem compensação aos cofres públicos, devido à remessa de lucros e isenções de impostos. Em troca de novos recursos da Agência para o Desenvolvimento, o governo chegou a um acordo com a IPC garantindo seus altos lucros e o monopólio do refino e distribuição e outras vantagens em cláusulas secretas. O fato foi encarado como vergonha nacional. Em 1968, golpe militar autodenominado Governo Revolucionário das Forças Armadaas, visavam a uma revolução nacionalista para liquidar o subdesenvolvimento e a dependência, geradores de miseira, fome, desigualdades e injustiça. Resgate da cultura peruana e política antiimperialista. Externamente o Peru assumiu uma política terceiro-mundista e não alinhada. Rompeu o bloqueio a Cuba, reatou com a China e expandiu o comércio com o bloco socialista. Participou do Pacto Andino. Em 1969, reforma agrária com prévia indenização pelo valor declarado pelos proprietários para efeito de pagamento de tributos. Mais radical e extensiva que em alguns países da america Latina, a reforma agraria peruana foi imposta de forma paternalista e autoritária, sem a participação ativa do camponês. Teve o sentido de reduzir a mobilização política independente ou radical do camponês da serra. Em 1975 golpe dentro do golpe, nova junta militar recuou no processo reformista adotou política economica ortodoxa de acordo com o FMI. Fome e desnutrição voltaram a crescer. No começo dos anos 80 a economia peruana afundou. Empobreciemnto concentração de renda e desintegração social. Aumento criminalidade e violéncia. O tráfico da cocaina se espalhou. Em 1980 SENDERO LUMINOSO, fundado 10 anos antes por facções do partido comunista iniciava sua ação armada.
CONCLUSÕES.
No sec XX mantinha-se a América Latina sob o signo da dependência e das desigualdades sociais, contra as quais se tentaria mobilizar as forças nacionais. O desenvolvimento e a industrialização, especialmente a indústria básica, foram vistos como os motores da independência nacional, da eliminação das desigualdades e da pobreza, da promoção da democracia e da superaçaoo ds rep. Oligarquicas. Constituiram-se, então, na Amériica Latina, regimes diversos, a que podemos chamar de nacional-estatizantes, como o peronismo na Argentina, o socialismo cubano, o sandinismo na Nicarágua e o Governo Revolucionário das Forças Armadas no Peru. Em comum tinham o fato de que o Estado se tornaria o agente de coesão nacional e de mobilização da vontade nacional para o desenvolvimento.

Nenhum comentário: