23/11/2009

A Era Vargas

A Era Vargas
(HB 221) MOURA, Gerson. Autonomia na Dependência, Caps. III a V
(HB 231) PANDOLFI, D. In: FERREIRA, Jorge & DELGADO, Lucilia A. N. O Brasil Republicano. Volume 2, Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2003, pp. 13-38
(HB 192 ) MAIO, M. In: FERREIRA, Jorge & DELGADO, Lucilia A. N. O Brasil Republicano. Volume 2, Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2003, pp. 39-105
(HB 351 ) ARAUJO, Maria celina. O estado novo: Editora jorge zahar
(HB 201 ) LEOPOLDI, M. In: FERREIRA, Jorge & DELGADO, Lucilia A. N. O Brasil Republicano. Volume 2, Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2003, pp. 241-266
(HB 212 ) OLIVEIRA, Lucia. In: FERREIRA, Jorge & DELGADO, Lucilia A. N. O Brasil Republicano. Volume 2, Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2003, pp. 323-349
(HB 211 ) GOMES, Ângela de Castro (org.). A Invenção do Trabalhismo, Cap.VI
(HB 191 ) FERREIRA, Jorge (Org.) O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, Cap. 1 e 2

A Era Vargas. 1
A ERA VARGAS (1930-45) = ESTADO DE COMPROMISSO.. 2
GOVERNO PROVISÓRIO (1930-34) 2
KEYNESIANISMO AVANT LA LETTRE.. 3
Revolução Constitucionalista de 1932. 3
Lei eleitoral de 1932 = código eleitoral 3
Carta de 1934. 3
GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-37) 3
Intentona Comunista 1935. 3
GOLPE DO ESTADO NOVO (1937-45) 4
A) INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ESTADO NOVO 1937-1941. 4
Constituição de 1937 POLACA.. 4
Putsch integralista. 4
DIP. 4
CNP Conselho nacional de petróleo. 4
Fábrica nacional de motores. 4
CSN.. 4
DASP (departamento de auxilio ao servidor público) 4
Lend and Lease. 4
FEB.. 4
B) CRISE DO ESTADO NOVO 1942-1945. 4
Movimento Queremismo. 5
GOLPE MILITAR.. 5
GERSON MOURA X MARCELO DE PAIVA ABREU.. 5
POLÍTICA EXTERNA.. 6
Comparação com a Política Externa – Anos 20 - “Entre a América e a Europa”. 6
PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA I GM. 6
Política Externa de Vargas – PROJETO DESENVOLVIMENTISTA.. 6
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL.. 8
GOVERNO DUTRA.. 9
GOVERNO VARGAS (1951-54) 10
TTA.. 11
MRE 2006 Questão 2 MODERNISMO.. 12
MRE 2006 Questão 3 DUTRA.. 13
MRE 2005 Questão 4 VARGAS E O CAPITAL EXTERNO.. 14
TPS 2009. 15

A ERA VARGAS (1930-45) = ESTADO DE COMPROMISSO
GRUPOS SOCIAIS
- Oligarquias (perdedoras, no poder antes de Vargas, não têm condição de continuar no poder pois perdem hegemonia, a crise de 29 é estrutural devido a superprodução, e a oligarquia se alicerça na monocultura de um item de sobremesa, o café)
- Operários
- Burguesia industrial
- Camadas médias
- Militares
Como nenhuma classe é forte o suficiente para dominá-lo, o Estado se fortalece

ESTADO DE COMPROMISSO
Nacionalismo
Liderança carismática, pelo carisma busca apoio geral, galvanizar apoio de todos
Desenvolvimentismo
Incorporação política das massas (antes de vargas a questao do trabalhador era questao de polícia)
Centralização progressiva (tenentes sao incorporados ao governo desmontando o movimento tenentista e por torná-los interventores desarticula as oligarquias locais e favorece a centralização política)
Política externa DAS BARGANHAS, OU EQUIDISTÂNCIA PRAGMÁTICA (Nao pode usar o termo Política Pendular)

Cronologia:
- 1930-34: Governo Provisório
- 1934-37: Governo Constitucional
- 1937-45: Estado Novo

GOVERNO PROVISÓRIO (1930-34)
- Tenta estabelecer novas bases para o país, acabando com o modelo agrário exportador arcaico.
- Age por decretos (sem base constitucional):
- Revoga a Carta de 1891.
- Cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, o que deveria favorecer os operários.
- Lei de Nacionalização do Trabalho = 70% dos trabalhadores das empresas teriam de ser brasileiros
- Lindolfo Collor é o primeiro ministro.
- Nomeia interventores.
- Antigos tenentes que subiram rapidamente na hierarquia graças a Getúlio e que
eram por ele manipulados (“rabanetes”= vermelho por fora mas branco por dentro, parece comunista mas não é e “picolés” = reação gelada aos novos promovidos que mandavam neles, os rabanetes).
- Acaba-se com os governadores e com a política dos governadores
- Processo de centralização:
- Conselho Nacional do Café (CNC), que logo se torna o Departamento Nacional do Café (DNC); IAA; centralização financeira pelo BB.
- Demissão coletiva dos ministros gaúchos. Eles queriam o favorecimento do RS, e não a centralização.
Industrialização vira política de estado, garantia de segurança nacional, assim recebe apoio dos militares.
Emite moeda gera inflação mas num mundo marcado pela deflação recessiva da crise de 29, a inflação era vista de forma positiva.
Renegocia a dívida externa = a política do Big Stick é substituída pela política da Boa Visinhança.
KEYNESIANISMO AVANT LA LETTRE
- Vargas compra o café barato, queima parte e vende em US$. Usa então o lucro na indústria, e o cafeicultor faz o mesmo, pois o café não compensa mais. A política só é possível graças à centralização do DNC (antes a política de defesa comercial do café era descentralizada, no Convenio de Taubaté o Estado só é garantidor dos Estados de São Paulo e Minas Gerais que pegam dinheiro emprestado no exterior, em seu próprio nome para estocar o café) . Vargas é o primeiro a queimar café KEYNESIANISMO AVANT LA LETTRE

Revolução Constitucionalista de 1932.
- SP exige um interventor paulista e civil – e a constituinte, que estava prometida.
- MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).
- O movimento é derrotado militarmente, mas politicamente é vitorioso (consegue interventor paulista e constituição) .
- Armando Sales de Oliveira (paulista) assume como interventor.
Lei eleitoral de 1932 = código eleitoral
Implementa pela primeira vez no Brasil o voto secreto e o voto feminino (mulher da cidade é a que vota, isso tira poder do campo)
Mulher vota para os constituintes de 1934 mas para presidente da república só vai votar a primeira vez em 1946
Carta de 1934
Além do voto secreto e feminino, implementado em 1932, cria o voto classista (17 representantes dos sindicatos patronais, 18 representantes dos sindicatos dos trabalhadores e 4 representantes do funcionalismo público). Os deputados classistas, 20% da Assembléia, deveriam contrabalançar os interesses oligárquicos.
- Carta de 1934, inspirada na Constituição de Weimar, de 1919.
- O modelo liberal e o federalismo favorecem o conceito de Estado, mas no que tange a industrialização, o país segue o conceito de nação.

- Vargas é eleito presidente pela Assembléia para o período de 1934-37, e sem direito à reeleição.

GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-37)
- Polarização ideológica, refletida em conflito nas ruas

- Esquerda: Aliança Nacional Libertadora (ANL); orientação bolchevique; Prestes é o presidente; Carlos Lacerda lê um discurso de Prestes no qual ele diz “Todo poder à ANL”, em referência às Teses de Abril de 1917 de Lênin, que termina com a frase: “Todo poder aos Soviets”, que tornou-se a palavra de ordem dos Bolcheviques , por isso Vargas coloca a organização na ilegalidade.

- Direita: Ação Integralista Brasileira (AIB); Plínio Salgado é o presidente. São chamados de galinhas verdes em referência ao uniforme oliva que usavam.

Intentona Comunista 1935.
- Os fortes da Urca e de Natal se rebelam e o movimento é violentamente debelado.
- O país entra em Estado de Sítio de 1935 a 1937, lei marcial, com exército nas ruas. A constituição de 34 valeu então apenas por um ano.
Inicia-se uma caça às bruxas. Forte sentimento anti comunista no exército. Busca pelos soldados melancia (verde por fora vermelho por dentro).
Enseja enorme repressao aos comunistas. Jorge Amado foi preso escreve os subterrâneos da liberdade. Graciliano Ramos também foi preso escreve memórias do cárcere.
GOLPE DO ESTADO NOVO (1937-45)
- Em 1937, deveriam haver eleições.
- José Américo de Almeida é o candidato do governo.
- Armando Sales de Oliveira é o oposicionista.
- Plínio Salgado.

- Getúlio toma um plano de contingência do exército para um ataque comunista (Plano Cohen), veiculado pelo capitão Olímpio Mourão Filho, como pretexto para o golpe.
A) INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ESTADO NOVO 1937-1941
Regime autoritário, ditadura.
Constituição de 1937 POLACA
Centralização

Putsch integralista
1938 fim dos partidos políticos depois do poutsh integralista. Partido nazista expressivo em SP é fechado. O embaixador alemao Karl Ritter se posiciona contrário. Brasil rompe relações com a Alemanha por meses. Retoma em 1939 e se torna maior parceira comercial brasileiro.

DIP
Censura e propaganda
Culto ao líder

CNP Conselho nacional de petróleo
Fábrica nacional de motores
CSN
Financiada pelo Eximbank graças à política da boa vizinhança
DASP (departamento de auxilio ao servidor público)
Lend and Lease
FEB
Envio da força expedicionária brasileira
B) CRISE DO ESTADO NOVO 1942-1945
- 1942: equilíbrio rompido. (Na Conferência do Rio, de 1942, toda a AL, com a exceção da Argentina e do Chile, rompem com o Eixo.) fim da equidistância
Obs.: Brasil mantém relações com o Japão até 1945.

Surge movimento de defesa da democracia = contradição entre a política externa de combate ao autoritarismo de Hitler em prol da democracia e a política interna ditatorial.

Início da abertura do Estado Novo por pressão:
- do exercito
- manifesto dos escritores (fim da censura)
- menifesto dos mineiros

Convocação de eleiçoes e retorno dos partidos políticos.

Movimento Queremismo
A ditadura se enfraquece mas Vargas se fortalece
PRESTES e os comunistas apoiam Vargas, GV presidente de honra tanto do PTB como do PSD.
Tudo indicava que GV seria levado ao poder pleo povo.

GOLPE MILITAR
GV vai para o exílio no RS
Apoia a eleição de Dutra apenas 4 dias antes.
GERSON MOURA X MARCELO DE PAIVA ABREU
- Gerson Moura defende a tese da “eqüidistância pragmática”, de uma “autonomia na
dependência”, em oposição à noção de diplomacia pendular.
- No final dos anos de 1930, a Alemanha se tronou o principal parceiro econômico do
Brasil.

- Marcelo de Paiva Abreu criticou essa leitura, dizendo que o Brasil estava muito mais perto
dos EUA do que da Alemanha, a não ser na área comercial.

- Gerson Moura então afirmou que a eqüidistância era entre os EUA e a neutralidade, e só por isso o Brasil conseguiu os benefícios que foi capaz de alcançar.

Cronologia para Gerson Moura
- Até 1939: equilíbrio possível. Política das barganhas. Getúlio incentiva as divisões ideológicas no aparato de Estado brasileiro entre os germanófilos e americanistas.

- De 1939 a 41: equilíbrio difícil. Reaparelhamento das forças armadas através do Lend and Lease Act, em 1941. O Brasil consegue a CSN em 1940, e com ela nasce o modelo do Estado produtor. - Carnegie havia desistido de trazer a US Steel para o Brasil, temendo a nacionalização. Getúlio então fez dois discursos exaltando a Alemanha e consegue US$250 milhões, pelo Eximbank.

- 1942: equilíbrio rompido. (Na Conferência do Rio, de 1942, toda a AL, com a exceção da Argentina e do Chile, rompem com o Eixo.) O Brasil entra na guerra não por pressão americana, mas por interesse próprio. O envio da FEB, em 1944, é a última grande vitória do modelo da política de barganhas. Citar Robert Puttnam, jogos de dois níveis: a racionalidade de uma ação só pode ser explicada, muitas vezes, de forma complexa.

POLÍTICA EXTERNA
Comparação com a Política Externa – Anos 20 - “Entre a América e a Europa”
- Ministros:
- 1912-17: Lauro Müller, acusado de germanófilo, deixa o ministério.
- 1917-18: Nilo Peçanha leva o Brasil à Guerra por motivos pragmáticos.
- 1918-19: Domício da Gama ocupa o cargo durante o governo Delfim Moreira.
- 1919-22: Azevedo Marques, durante o governo Epitácio Pessoa.
- 1922-26: Félix Pacheco.
- 1926-30: Otávio Mangabeira, destes, o único americanista. Reforma o Itamaraty.
- De 1916 até a década de 20, os EUA se tornam o maior parceiro comercial do Brasil.
- Mas...
- Em 1919, contrata-se a Missão Francesa (em 1920 a Missão Naval, dos EUA).
- Entre 1919-26 o Brasil participa da Liga das Nações, mas sai quando a Alemanha
entra e já consegue um assento.
- Em 1924 chega a Missão Montagu, com sugestões da GB para a área financeira.
- Conflitos regionais:
- A Guerra do Chaco termina com a mediação de Macedo Soares, em 1935.
- O Peru concede à Colômbia o território de Letícia, que fazia fronteira com o Brasil. O
Brasil força a Colômbia a ratificar o tratado que estipulava a fronteira, em 1928.
- O Brasil não era um país americanista, ainda vigorava a herança do barão, o americanismo pragmático.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA I GM.
- Torpedeamento de navios brasileiros.
- A opinião pública e Rui Barbosa levam à demissão de Lauro Muller.
- O Brasil toma posse dos “navios surtos”, embarcações alemãs que estavam em portos brasileiros, o que é extremamente conveniente.
- Pressões aliadas.
- Em abril de 1917, os EUA entram na guerra.
- Seguindo o ideal da diplomacia do prestígio, o Brasil lucra com a sua participação na I GM.
- Com o fim da guerra vem a Missão Francesa (1919), a Missão Naval Americana (1920) e a Missão Montagu.
- Os EUA passam a ser o maior parceiro comercial do Brasil.
- Participação na Liga das Nações.
- O Brasil entra em 1920 e sai em 26, quando a Alemanha entra e ganha imediatamente um assento no Conselho Permanente.
- Reforma Mangabeira
- Maior americanismo, que não é, contudo, absoluto.
- Conflitos: Letícia (1922-28) e Chaco (1928-35).


Política Externa de Vargas – PROJETO DESENVOLVIMENTISTA
Contexto internacional mudou objetivos alcançados por novos métodos (antes intervenção agora sedução). Passou a ser buscado o apoio diplomático da região (consenso). Interesse americano: matéria prima, mercado consumidor e base militar no NE. Criada OCIAA (Office of the Coordinator of Inter-American Affairs) cujo presidente era Nelson Rockfeller

Relações com os EUA, a partir de 1934
- Mesmos objetivos, novos métodos (política da boa vizinhança).
1) Mercado Consumidor
2) Matéria Prima
3) Consenso Diplomático
- O Brasil é o tradutor da linguagem diplomática dos EUA para os vizinhos.
4) Bases militares (só no Brasil)

DE 1930 A 1990 = A política externa brasileira foi colocada a serviço do desenvolvimentismo.
Consolida-se no Estado Novo a INDUSTRIALIZAÇÃO POR SUBSTITUIÇÕES DE IMPORTAÇÕES.
- Temas econômicos:
1) Buscar novos mercados
2) Diversificar a pauta de exportações
- Política externa desenvolvimentista
- Vargas compra o café barato, queima parte e vende em US$. Usa então o lucro na indústria, e o cafeicultor faz o mesmo, pois o café não compensa mais. A política só é possível graças à centralização do DNC. Vargas é o primeiro a queimar café KEYNESIANISMO AVANT LA LETTRE

- No início dos anos 30, EUA enfrentam a grande depressão, buscam parcerias comerciais pois a crise de 1929 foi gerada por superprodução, a América Latina é o único mercado consumidor possível pois a áfrica e a ásia são colônia. Franklin Delano Roosevelt adota agressiva agenda de liberalização externa (internamente é intervencionista). O Brasil é pressionado pelos EUA a assinar acordo comercial de livre comércio, Brasil abaixa tarifas para produtos manufaturados americanos em troca dos EUA não aumentarem as tarifas sobre o café.
- 1935: Acordo de Livre-Comércio com os EUA. Com cláusula de nação mais favorecida, nenhum país terá tarifa menor que a americana.
Dada a escassez de divisas o resultado do acordo de 1935 não foi tão ruim para o Brasil.

Tanto o Brasil como a Alemanha enfrentam a escassez de divisas gerada pela crise de 29
- 1936: Protocolo sobre o Comércio Compensado (Alemanha, Slacht).
- Equidistância pragmática.

- Na crise de 29, o café representava 72% das exportações do Brasil e os EUA compravam a maior parte.
- É preciso diversificar a pauta de exportações e encontrar novos compradores para o café.
- Diversos acordos comerciais bilaterais de matriz liberal são assinados, mas sem que isso traga muitos benefícios para o país. (escassez de divisas)
- A progressiva viabilização de um modelo de substituição de exportações determina, a partir dos anos de 1930, a agenda da PEB, que agora está a serviço do desenvolvimento.
- Em 1935, Getúlio é forçado a assinar um acordo comercial com os EUA, dando-lhes vantagens comerciais (cláusula da nação mais favorecida).
- O acordo aponta a mudança na política de industrialização, pois agora quem será o seu protagonista é o próprio Estado.
- Em 1936, assina-se o Protocolo sobre Comércio Compensado, com a Alemanha.

Características
- Mobilização popular “tutelada”
- Autoritarismo
- Censura e propaganda (Departamento de Imprensa e Propaganda)
- Culto à personalidade do líder
- Nacionalismo
- Corporativismo
- Não era um regime fascista. Porque:

Não é regime de partido único. O regime é apartidário, pois considerava os partidos intermediários anti-democráticos.

Não há expansionismo.

As experiências fascistas procuravam salvar o capitalismo em um momento de crise da democracia liberal, sacrificando a própria democracia. No Brasil não está inserido no capitalismo internacional.
- Getúlio quer montar, não salvar o capitalismo no Brasil.

Pensamento autoritário
Positivismo Exército

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Década de 10 Alberto Torres: o Brasil precisa de um governo forte para parar de copiar tudo é um povo sem ideologia (afirma isso em “ o problema Nacional Brasileiro”, no final do gov. Hermes da Fonseca e o salvacionismo). A única solução é o AUTORITARISMO CENTRALIZADOR.

Na Década de 20 a identidade nacional é buscada por:
a) Modernismo: Movimento Verde e Amarelo
b) Tenentismo.

O Estado sob Vargas incorpora o modernismo sob a égide do Regime. A vertente mais conservadora do modernismo (moviemento Verde Amarelo). Cassiano Ricardo Menotti de Piccha. Também incorpora os tenentes nos quadros governamentais, como interventores.

Na Década de 30 a identidade nacional é buscada por:
a) AIB: Plínio Salgado; Miguel Reale; Gustavo Barroso (anti-semita)
b) Modernismo: Oliveira Viana; Azevedo Amaral; Francisco Campos (produz a “polaca” em 1937)
c) Católicos: Alceu de A. Lima (o tristão de Athayde); Jackson de Figueiredo
- Vargas consegue cooptar os três grupos.

Para a igreja:cristo no aniversário do Rio, ensino religioso nas escolas, deus patria e família nos discursos de Vargas

Política cultural do Estado
- Cooptação e centralização (reforma Capanema).
- Influencia as expressões estéticas.
- Música: Villa-Lobos; artes plásticas: Portinari; literatura: regionalismo (Jorge Amado, Érico Veríssimo); cinema: Lei de Proteção do Cinema (1/3 dos filmes exibidos no cinema tem de ser nacionais, isso incentivou a produção de documentários que eram exibidos antes das sessoes), Cinédia, Vera Cruz, que, ao quebrar, gera o Cinema Novo (“uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”); arquitetura: Le Corbusier e Niemeyer.
- O modernismo revolucionário é cooptado e se torna a estética do Estado.
- Cultura popular
- Samba: escolas; Noel Rosa; futebol: Leonidas da Silva.

Exemplos de intervenções culturais no Estado Novo
- radio nacional
- hora do brasil, rádio era um modelo tecnológico muito diferente
- criação do INSTITUTO RIO BRANCO escola para diplomatas e do dia do diplomata, comemorando os 100 anos de nascimento do Barão do Rio Branco, 20/4/1945

Literatura: reforma educacional criou mercado editorial
Monteiro Lobato: um país se faz com homens e livros

Pensamento Social Brasileiro
- Os intérpretes do Brasil, os intelectuais, são sustentados pelo Estado.
- Democracia racial

Para José Murilo de Carvalho, a construção da democracia, a luta política não foi por direitos políticos ou por liberdades civis, muito mais via direitos sociais.
Para Angela de Castro Gomes direitos sociais foram conquista dos trabalhadores

DIP departamento de imprensa e propaganda = censura e repressão = vantagens CLT

Após a institucionalização, surge a crise do regime em 1942.
- Guerra
- Conseqüências sócio-culturais
- A política da boa vizinhança traz rádio, cinema e música (“o Tio Sam chega ao Brasil”).

- A OCIAA (Office of the Coordinator of Inter-American Affairs) traz o panamericanismo.
- Carmem Miranda; O. Welles; W. Disney.

- Conseqüências políticas
- Enfraquecimento do Estado Novo.
- Manifesto dos escritores contra a censura (elites).
- O manifesto dos mineiros cria a UDN.
- Vargas busca o apoio dos trabalhadores (1941-43)
- Salário mínimo, CLT.
- Pai dos pobres (elemento simbólico).

Tentativa de fazer a abertura gradualmente.
- Eleições são programadas e voltam os partidos.
- PSD (Dutra) x UDN (Eduardo Gomes)
- Coesão maior das forças armadas.
- Influência dos EUA.
- Góis Monteiro: “Política do Exército”
- Os trabalhadores não querem nem Dutra, nem Gomes. Surge o queremismo em torno do PTB.
- Seu objetivo é criar uma nova constituição que permita que Getúlio concorra.
- Vargas nomeia “Bejo” Vargas como chefe da polícia, o que deixa claro que está abrindo caminho para o golpe.
- Um golpe militar coloca José Linhares, presidente do TRE, na presidência.

GOVERNO DUTRA

Partidos
- Em 1945, surgem o PSD e o PTB, que favorecem Vargas, e a UDN, que representa a alta burguesia oposicionista.
- O PCB volta à legalidade quando o Brasil é forçado a reconhecer a URSS para poder enviar a FEB. O partido havia sido criado em 1922.
- Os candidatos são o Marechal Dutra (PSD e PTB), o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) e Astrogildo Pereira (PCB).

Dutra
- Substitui a polaca em 1946.
- Viés nacionalista (subsolo, etc.)
- Estado social de direito.
- Federalismo (influência dos EUA desfaz a centralização da polaca)
- Sistema eleitoral.
- Os partidos precisam ser nacionais, o que é estabelecido tendo em vista a
cassação do PCB e o fim dos partidos estaduais.
- Acaba com o voto classista.
- Um grande problema é o uso de eleições separadas para Presidente e Vice-Presidente.
- Proibição do PCB. Não se trata de um pedido dos EUA, mas sim de uma ação unilateral de Dutra, que reflete um americanismo ideológico.

- Economia
- Lança um modelo liberal, rompendo parcialmente com a lógica nacional desenvolvimentista de Vargas.
- Nos foros econômicos internacionais, o governo apresenta alguma autonomia.
- SALTE (saúde, alimentação, transporte e energia), favorecida pela missão Abbink, dos EUA.
- A partir de Vargas, o nacional desenvolvimentismo passou a ser uma política de Estado no Brasil, e não de governo.
- As divisas de guerra, contudo, são gastas com bens supérfluos, gerando inflação.
- Em 1948, Dutra começa a adotar medidas protecionistas.
- Política externa.
- Alinhamento ideológico.
- Repressão aos sindicatos e às greves.
- Ênfase na segurança.
- Pacto do Rio (1947) cria o TIAR.
- Bogotá (1948) cria a OEA.
- A ESG é criada (1949).
- O Brasil acompanha o voto dos EUA na ONU, de 1946 a 50.
- O ministro Raul Fernandes, ao perceber que o alinhamento não trouxera qualquer recompensa, apresentou o Memorando das Frustrações.
- Anticomunismo: rompimento com a URSS em 1947 é causado pelas críticas desse país ao governo brasileiro, que havia posto o PCB na ilegalidade.
- Estabelece-se um hiato na PEB, quase um passo fora de cadência, como o de Castelo.
- Obs.: Rio Branco trouxe o americanismo pragmático, Joaquim Nabuco o ideológico.
- Sucessão

- Dutra não apóia Vargas, mas o PSD e o PTB apóiam. Eduardo Gomes concorre sem chances, pela UDN.
- Café Filho, da UDN, é eleito Vice-Presidente.

GOVERNO VARGAS (1951-54)
- Vargas é apoiado pelo PTB. O PSD apóia Cristiano Machado, que logo é abandonado
(“cristianização”). A UDN está com Eduardo Gomes.
- Primeiro momento: barganha nacionalista (Monica Hirst)

Tentativa de barganhar Desenvolvimento por Segurança
- CMBEU - Acordo militar com os EUA (1952) - CNPq
- Estillac Leal, ministro da Guerra, pede para sair.
- Eduardo Gomes é nomeado presidente da Comissão Mista Militar.
- Osvaldo Aranha é nomeado ministro da Fazenda.

- Em 1953, Eisenhower chega ao poder e muda a política anterior.

Vargas percebe que o desenvolvimento teria de ser com capital nacional
- Estado nacionalista
- Protecionismo cambial: instrução número 70 da SUMOC (taxas de câmbio diferenciadas).
- BNDE
- Recusa ao envio de tropas à Coréia.
- Tentativas fracassadas de aporvar no congresso a criação da 1) Eletrobrás e 2) da Lei de remessas de lucros.

Café passa por crise de produção, peste atinge cafezais, governo tenta especulação com o preço do café, mas as sacas sao presas nos EUA como forma de pressão internacional contra os subsídios/dumping.

- O sucesso vem com a criação de uma Petrobrás monopolística, em 1953, após a campanha do petróleo é nosso.

- Crises:
1) Salário mínimo
- João Goulart, o ministro do Trabalho, propõe um aumento de 100% no salário mínimo. Vargas demite o ministro e dá o aumento, deixando empresários e trabalhadores insatisfeitos.
2) Última Hora
- Uma CPI é criada para averiguar se Samuel Wainer, que criara o jornal com o objetivo de furar o bloqueio da imprensa a Vargas, é mesmo brasileiro.
3) Crise de agosto
- Climério, Alcino e Gregório Fortunato.
- Lacerda e o major Rubem Vaz.
- “O crime da Toneleros”
- A república do Galeão investiga o crime.
- As forças armadas ameaçam invadir o Catete. Vargas dispensa os ministros e escreve a Carta Testamento.

TTA
Julgue as alternativas abaixo:

a) O colégio eleitoral, de 1945 até os dias de hoje ampliou-se enormemente, não apenas porque houve o crescimento da população, mas também porque a constituição de 1988 concedeu o poder de voto aos analfabetos e jovens entre 16 e 18 anos. (Item correto)
b) Enquanto no período pré-1964, após o fechamento do PCB em 1947, existiam somente 3 partidos políticos a UDN o PSD e o PTB hoje em dia as dezenas de partidos concorrentes causam confusão entre os eleitores desestimulando-os a participar (item errado)
c) A constituinte de 1934 foi a primeira a incorporar o voto feminino e o voto secreto, mas deixou de lado as discussões sobre o tema da industrialização, por conta da predominância dos setores liberais agro-exportadores na Assembléia. (item errado = apesar da discussão sobre como industrializar, o tema constou na CF)
d) A constituição de 1937 mudava o nome do país para Estado Novo do Brasil como forma de driblar a nomenclatura anterior de República Federativa que evocava a autonomia dos estados. (item errado. O nome do país foi Estados Unidos do Brasil desde 1891, com a primeira constituição republicana, até 1967 quando passou a chamar República Federativa do Brasil)



MRE 2006 Questão 2 MODERNISMO
Discorra sobre os seguintes aspectos do Movimento Modernista, inaugurado com a Semana de Arte Moderna de 1922: a) as idéias que inspiraram o movimento; b) as principais contribuições de escritores brasileiros ao projeto modernista, de 1922 a 1945.
Maurício Gomes Candeloro (20/20)
a) A Grande Guerra que ceifou a vida de milhões de jovens europeus de 1914 a 1918 alterou profundamente a visão de mundo daquele continente. O otimismo na ciência e a crença em relação ao “progresso” sucumbiram diante da carnificina daquela guerra no seio da civilização européia. Os efeitos do conflito no pensamento e na cultura foram imediatos para o sepultamento da Belle Époque e para o surgimento do Modernismo.
Este último assumiu diferentes versões. Na Suíça, entre jovens que se recusavam a lutar na guerra, surgiu o Dadaísmo. O Cubismo na França e o Expressionismo alemão foram outras manifestações no rol exaustivo que forma o movimento moderno como um todo.
O Brasil, distante da ebulição européia do imediato pós-guerra, foi refratário a essas inovações até a Semana de Arte Moderna de 1922, que teve lugar no Teatro Municipal de São Paulo.
Roberto Schwartz e seu conceito de “idéias fora de lugar” podem ser evocados na análise de como um movimento marcadamente europeu, típico de sociedade altamente industrializada e destruída pela guerra, pôde ser absorvido (ou deglutido, para usar a expressão de Oswald de Andrade) pela sociedade brasileira da República Velha, caracterizada pela agricultura e por organizações sociais arcaicas. Nesse sentido, o fato de o Modernismo ter “surgido” na capital paulista não pode ser desprezado.
São Paulo, nesse momento, industrializava-se rapidamente. Era uma cidade de imigrantes, em especial italianos, portugueses e árabes. A elite cafeeira adotara a cidade como sua residência permanente, em detrimento da fazenda (absenteísmo), o que enriquecera a cidade, dotando-a de infraestrutura técnica e cultural. Essa elite paulistana falava francês, lia Shakespeare e era educada por preceptoras alemãs. Tinha, portanto, os pés no Brasil e a cabeça na Europa. São os membros dessa elite que vão patrocinar o Modernismo no Brasil.
No entanto, é um equívoco afirmar que, antes de 1922, não havia nada de moderno no Brasil.
Curiosamente, pode-se considerar Monteiro Lobato, autor do virulento artigo “Paranóia e Mistificação”, em que criticava os modernistas do Teatro Municipal, como um escritor prémoderno. Do ponto de vista conceitual, celebrizou-se a “antropofagia” de Oswald de Andrade. O Manifesto Antropófago pregava a absorção de idéias vindas de fora (sua deglutição), sua adaptação à realidade brasileira (misturadas à elementos da cultura nacional) e o conseqüente surgimento de algo novo e genuinamente brasileiro. Valoriza-se, assim, o passado e, ao mesmo tempo, a influência estrangeira. Havia, por outro lado, modernistas que refutavam essa visão “cosmopolita”. Os nativistas eram favoráveis ao fechamento da cultura brasileira à influência externa, vista como maléfica. Deveríamos valorizar exclusivamente o que é nosso. Essa visão seria adotada pela AIB (Ação Integralista Brasileira), de Plínio Salgado e Menotti Del Picchia, dois participantes da Semana de 1922.
b) O Modernismo teve profunda influência entre os escritores brasileiros. Nas Ciências Sociais, Antônio Candido identifica três autores e três obras, chamando os primeiros de“demiurgos” do pensamento social brasileiro, verdadeiros divisores de águas. São eles: Gilberto Freyre, com Casa Grande & Senzala (1933); Sérgio Buarque de Holanda, com Raízes do Brasil (1936) e Caio Prado Jr., com Formação do Brasil Contemporâneo (1942). Freyre, culturalista, influenciado por Franz Boas, sublinha a importância da mestiçagem na formação da cultura e do caráter nacionais. Holanda, também culturalista, está influenciado por Max Weber, e faz análise institucional do Brasil: a dificuldade do “homem cordial” brasileiro, profundamente afetivo, em manter relações frias, formais e racionais, o que explicaria o patrimonialismo. Prado Jr., por sua vez, faz análise estruturalista (marxista) da formação do país. Para ele, o Brasil já nasce capitalista, mas inserido de maneira subordinada no capitalismo mundial (divisão internacional do trabalho).
Na literatura, o período em tela é momento de grande efervescência. Além da obra dos participantes diretos da Semana de 1922, como Mário de Andrade (Macunaíma, Contos Novos) e Oswald de Andrade (O Rei da Vela), o Modernismo cria raízes em nosso País e espalha-se pelo território nacional. Com efeito, nos 1930/1940, essa “difusão” fica evidente com o surgimento do Regionalismo de José Lins do Rego e Jorge Amado. Na poesia, destacam-se Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Graciliano Ramos, romancista, vai imprimir forte conteúdo social em suas obras (São Bernardo, Vidas Secas) e terá destacado papel político na denúncia de mazelas sociais e na oposição ao Estado Novo (1937-1945) de Vargas, pela qual é preso. Na cadeia, escreve Memórias do Cárcere.
A influência da Semana de 1922 vem até hoje. Várias gerações têm dialogado com a obra dos primeiros modernistas. A famosa montagem de O Rei da Vela no Teatro Oficina, de José Celso Martinez Correa, em São Paulo nos anos 1960 é sintomática dessa influência permanente daqueles pioneiros.

MRE 2006 Questão 3 DUTRA
“No Brasil, a vitória de Dutra representou, para os contemporâneos, algumas continuidades em relação ao governo Vargas... Contudo, o governo eleito seria menos continuísta do que se supunha, tanto em relação aos homens e políticas como em relação à estrutura partidária que o conduziu ao poder. Nos terrenos político e econômico, o governo Dutra representava uma orientação muito diferente daquela que surgira nos estertores da ditadura Vargas.” (Boris Fausto e Fernando J. Devoto. Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada. São Paulo: Editora 34, 2004, p. 292) Examine: a) a diferença da presidência do General Dutra com relação ao primeiro Governo de Vargas no campo das relações internacionais do Brasil; b) o peso dos partidos políticos sobre o Governo Dutra.
Melina Espechit Maia (18/20)
O governo Dutra, que se instaurou após o fim da ditadura do Estado Novo (1937- 1945), inaugurou a fase da República Liberal, que perduraria, apesar dos vários momentos de contestação ao regime, até o golpe militar de 1964. Nos últimos anos do Estado Novo, que havia abolido os partidos políticos e concentrado o poder do Estado na figura de Getúlio Vargas, o presidente liberou a formação de partidos políticos, com a criação da UDN (partido de direita e de contestação do regime paternalista de GV), do PTB (partido das classes proletárias urbanas e do sindicalismo nacional) e do PSD (partido dos grupos que apoiavam o regime Vargas). Além desses, destaca-se a legalização da existência do Partido Comunista Brasileiro, que por muitos anos existiu na ilegalidade. Dutra foi eleito por uma aliança PTB-PSD contra o candidato da UDN, Eduardo Gomes.
No campo das relações internacionais do Brasil, a principal diferença da presidência do General Dutra em relação ao primeiro governo de Vargas reside no entendimento do relacionamento com os Estados Unidos. Ambos esperavam tirar vantagens da relação bilateral para promover o desenvolvimento do país. Entretanto, durante o governo Vargas (1930-1945), desenvolveu-se uma política de barganha, que visava à obtenção de benefícios concretos à modernização da indústria, principalmente a indústria de base (siderurgia nacional), como incentivo ao crescimento autônomo da produção nacional.
Na primeira fase do governo Vargas, em que se delineavam as facções que iriam disputar a 2ª Guerra Mundial - Eixo e Aliados - Vargas praticou uma política de “eqüidistância pragmática”, como denominou Gelson Moura. O governo brasileiro praticou o comércio compensado com a Alemanha (e em menor escala com a Itália), por meio dos marcos de compensação, promovendo o aumento do intercâmbio comercial entre os dois países. Nesse período, o comércio com os EUA perdeu importância relativa e as conversações entre Brasil e Alemanha causaram atrito nas relações com os EUA. A política de barganha concentrou-se principalmente na questão da indústria siderúrgica nacional, com negociações com o grupo Krupp na Alemanha e com empresas americanas. Com o prenúncio da Grande Guerra e o apoio do Brasil aos Aliados, logra-se a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada em Volta Redonda, com capital do governo
americano por intermédio do Eximbank.
Com o rompimento das relações com o Eixo e a entrada do Brasil na guerra, as relações com os EUA e com os aliados estreitaram-se, como demonstram o envio das forças brasileiras ao campo de batalha na Itália e a formação do “Trampolim da Vitória”, quando Getúlio Vargas permitiu a utilização de bases no Nordeste, juntamente com o envio de matérias primas estratégicas aos esforços de guerra (em troca de auxílio ao rearmamento das Forças Armadas Brasileiras).
O governo Dutra inicia-se nesse espírito de alinhamento com os EUA. No entanto, Dutra praticaria uma política de “alinhamento automático” com a potência americana. Com o começo da Guerra Fria e da disputa ideológica Leste-Oeste, o Brasil coloca-se sob a zona de influência dos EUA. Dutra entende o alinhamento com os EUA como benéfico ao objetivo desenvolvimentista da Política Externa Brasileira. Acredita ser possível a obtenção de capital do governo americano para auxiliar o desenvolvimento nacional, enquanto os EUA concentram-se na política de reconstrução da Europa e do Japão (Plano Marshall). É o fim da política de barganha que havia marcado o governo de GV e trazido resultados concretos para o Brasil. O Brasil assina os Acordos de Bretton Woods e integra o sistema internacional criado sob a órbita da Guerra Fria.
No que se refere à política regional, na esfera das Américas, o governo Vargas também se diferencia do governo Dutra. GV iniciou seu governo com uma política de aproximação com os Estados latino-americanos sob a política da boa-vizinhança do governo Roosevelt. Destacam-se o Pacto anti bélico Saavedra-Lamas (1933), as mediações no conflito da Letícia (Peru e Colômbia) e do Chaco (Bolívia e Paraguai), além de Acordo com a Bolívia, que se concretizaria no Acordo de Raboré no governo JK. O governo Dutra rompeu o bom relacionamento com a Argentina (encontro entre Vargas e Justo), principalmente após a reticência argentina em romper relações com o Eixo. Dutra inseriu o Brasil nos organismos criados pelo governo americano para institucionalizar sua área de influência nas Américas: o TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) de 1947 e a OEA (Organização dos Estados Americanos) de 1948.
Quanto aos partidos políticos, o governo Dutra instaurou-se sob forte oposição da UDN, principalmente de seu líder Carlos Lacerda, por ter sido considerado uma vitória da aliança varguista e uma continuação das políticas trabalhistas do governo Vargas. Dutra coloca novamente na ilegalidade o Partido Comunista Brasileiro, que no clima da Guerra Fria e da política de contenção ao comunismo é enquadrado na legislação brasileira como contrário ao regime democrático representativo. O peso dos partidos políticos no governo Dutra é simbolizado pela disputa entre a UDN e o PDS-PTB quanto ao regime de governo ideal ao crescimento nacional. Cabe notar que a política de abertura de Dutra favoreceu, em certos aspectos, as reivindicações da UDN, apesar da continuidade partidária.
Assim, se o governo Vargas e o governo Dutra apresentam semelhanças quanto à ideologia partidária, no que tange às relações internacionais, a política de barganha de Vargas foi abandonada, o que não logrou resultados concretos para o Brasil, visto que os Estados Unidos concentravam-se nas suas políticas de segurança internacional e de reconstrução da Europa e do Japão no pós-guerra.
MRE 2005 Questão 4 VARGAS E O CAPITAL EXTERNO
Getúlio Vargas, que no espectro social representava mais que a burguesia industrial, entendia, no entanto, que essa burguesia seria essencial para a instalação de um certo capitalismo humanizado no Brasil. Viu, nesse sentido, mais complementaridade queantagonismo entre os interesses nacionais e o capital estrangeiro. Para Vargas, desde que bem administrado e disciplinado, o capital vindo de fora seria um importante apoio ao desenvolvimento nacional. Com base nessas visões, enumere duas iniciativas e/ou exemplos em torno dos quais se comprovaria o esforço de construção, na Era Vargas, dessa via associada de capitalismo brasileiro.
Daniella Poppius Brichta (18/20)
O primeiro exemplo da via associada de capitalismo foi a construção, com capital norte-americano, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1942. Para Vargas, a implantação de uma siderúrgica brasileira tornaria o país mais independente das importações, em uma época em que o Brasil exportava basicamente produtos primários e carecia de divisas, viabilizando-se assim a implantação de uma indústria de base no país. Cabe ressaltar que a liberação de fundos norte-americanos (via Eximbank) para a construção da CSN foi fruto da política de “eqüidistância pragmática” (Gerson Moura) do Brasil em relação aos EUA e à Alemanha. A política pendular de Getúlio, que ora inclinavase para os Aliados ora para o Eixo, espelhava as próprias divisões ideológicas da cúpula do Estado Novo, mas acabou por servir como eficiente instrumento de barganha. Aos EUA interessavam manter o maior país da América do Sul em seu subsistema de poder, garantir o fornecimento de minerais estratégicos e montar uma base militar no saliente nordestino, de importância fundamental na guerra do norte da África. Em contrapartida, o Brasil recebeu o financiamento para a construção da CSN.
Outro exemplo da opção varguista pela via associada seria o Acordo Militar de Assistência Recíproca, firmado com os EUA em 1952 (e denunciado em 1977 no contexto das críticas do governo Carter à política de direitos humanos brasileira) em meio à calorosa polêmica entre “nacionalistas” e “entreguistas”, que dividiu as Forças Armadas durante o Segundo Governo Vargas (1951-1954). Para os “nacionalistas”, da industrialização brasileira poderiam participar capitais estrangeiros, desde que os setores sensíveis ficassem a cargo do capital nacional, de preferência público. Os “entreguistas” – assim chamados por seus adversários, que os acusavam de querer “entregar” a economia nacional nas mãos de estrangeiros – eram a favor de uma industrialização baseada no capital estrangeiro, corporificado nas multinacionais.
O Acordo Militar de 1952 previa, em troca da ajuda econômica norte-americana ao Brasil, o fornecimento aos EUA de matérias-primas estratégicas e o apoio militar brasileiro à segurança do continente. Desnecessário dizer que o Acordo desagradou profundamente o segmento “nacionalista”, tendo sido também, em parte, responsável pela perda de legitimidade do governo Vargas.

TPS 2009
As crises sucessivas dos anos 20 do século passado anunciavam o esgotamento da Primeira República, cujo colapso foi precipitado pela Revolução de 1930, que deu início à Era Vargas, cuja última etapa foi o Estado Novo (1937-1945), período ostensivamente ditatorial. A respeito desse período da história do Brasil, assinale a opção correta.
A Os anos 20 do século passado foram marcados pelos levantes tenentistas, que, reprimidos na primeira tentativa (Forte de Copacabana, Rio de Janeiro, 1922), obtiveram duas expressivas vitórias militares contra as forças federais — em São Paulo, em 1924, e com a Coluna Prestes, entre 1925 e 1927.
B O consenso em torno da candidatura presidencial de Vargas, em 1929, sendo João Pessoa candidato a vice-presidente, refletia a convergência de interesses entre os grupos políticos dominantes em São Paulo e Minas Gerais, fortalecia a “política do café-com- leite” e afastava o perigo de ruptura institucional.
C Característica marcante da Era Vargas foi, desde o início, a crescente ampliação da capacidade de intervenção do Estado na economia, na sociedade e na condução da política nacional, que restringia o poder das oligarquias regionais e a força do federalismo.
D O clima de crescente radicalização e mobilização ideológica, em meados da década de 30 do século passado, quando a irrupção do novo fenômeno de uma política de massas tomou conta do Brasil, teve, na Ação Integralista Brasileira e na Aliança Nacional Libertadora, respectivamente, os principais expoentes das posições políticas de esquerda e de direita.
E A uniformidade de posições que caracterizava o Estado Novo e que dera a Vargas a sustentação política para editar as leis de proteção ao trabalho, como a CLT, também se manifestou na esfera militar, o que explica a decisão de entrar na guerra contra o nazifascismo pouco depois de iniciado o conflito mundial
RESPOSTA C (cuidado com as palavras do tipo respectivamente!)

TPS 2007 - 34
Em seu primeiro governo (1930-1945), Getúlio Vargas concebeu o desenvolvimento do Brasil pela via da industrialização. Acerca desse assunto, julgue (C ou E) os próximos itens.
1) A resistência à mudança econômica provinha dos militares, porque ainda estavam ligados às elites fundiárias da Primeira República.
2) A recessão do capitalismo levou ao malogro o projeto industrial de Getúlio Vargas.
3) A aliança com os EUA, no contexto da Segunda Guerra Mundial, foi utilizada por Getúlio Vargas para promoção da indústria.
4) Nessa fase da industrialização, tendo outras prioridades, Getúlio Vargas não cuidou dos direitos trabalhistas.
RESPOSTAS EECE

TPS 2007 - 42
Assinale a opção correta a respeito do Estado Novo, implantado pela Constituição de 1937.
A Comparada à Constituição de 1934, a nova carta apresentava como característica nítida a descentralização do poder.
B O Plano Cohen serviu de pretexto para o reforço do autoritarismo.
C A Lei de Segurança Nacional, até hoje vigente, foi proposta após a instauração da nova carta.
D Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira, foi um dos grandes beneficiados pelo novo regime político.

E Imediatamente após a implantação do Estado Novo, Getúlio Vargas substituiu todos os governadores de estado.
RESPOSTA B

TPS 2007 – 50
O período entre as duas guerras mundiais do século XX foi marcado pela radicalização política. A instalação de regimes totalitários em vários países europeus contribuiu para o acirramento das tensões, que, ao lado de outros fatores, colaborou decisivamente para a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A respeito desse quadro histórico, julgue (C ou E)os itens subseqüentes.
1) Embora tenha participado da aliança vitoriosa na Primeira Guerra Mundial, a Itália afastou-se das democracias liberais na medida em que, já na década de 20 do século passado, o país se tornou vítima dos métodos violentos do fascismo, que não encontrou resistência organizada.
2) Na Alemanha, o totalitarismo nazista aproximava-se dos demais regimes fascistas, entre outros fatores, pela adoção do racismo como política de Estado.
3) Espanha, Portugal, Polônia, Iugoslávia e Hungria são exemplos de Estados europeus que adotaram regimes ditatoriais de cunho fascista que não sobreviveram à vitória dos Aliados, derrubados nos anos que se seguiram ao imediato pós-Segunda Guerra Mundial.
4) Nas Américas, enquanto o new deal, de Roosevelt, reiterava a aposta dos EUA na viabilidade do modelo ultraliberal de capitalismo, a experiência brasileira sob o regime de Vargas, no Estado Novo, apontava para a crescente presença estatal na economia.
RESPOSTAS CEEE

TPS 2007 - 56
Dois fatos ocorridos em 1945 marcaram a história brasileira. Chegavam ao fim a Segunda Guerra Mundial e a Era Vargas. A partir daí, o país se redemocratizava, fazia avançar seu projeto de modernização econômica, rapidamente se urbanizava, ao tempo em que convivia com uma ordem internacional de pronunciada tensão que atingia o continente americano, particularmente, entre fins da década de 50 do século passado e o decênio seguinte. Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu sob o autoritarismo do regime militar, período que não deve ser entendido como uniforme e homogêneo, tanto na política interna quanto na externa. A partir de 1985, com a nova experiência democrática, o país passou a conviver com outra realidade mundial e nela procurou inserir-se, mantendo princípios permanentes de sua política internacional e fazendo uso de mecanismos e instrumentos próprios do novo contexto global. Tendo as informações acima como referência inicial e considerando as principais vertentes e linhas de ação da política externa brasileira, de 1945 aos dias atuais, julgue (C ou E) os itens que se seguem.
1) Com a eleição do presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), o Brasil alinhou-se à estratégia político-militar norte-americana, voltada, no contexto da Guerra Fria, para conter as forças consideradas inimigas do Ocidente democrático.
2) Na primeira metade dos anos 60 do século passado, a Política Externa Independente procurou expressar um ponto de vista internacional do Brasil, entendido como instrumento essencial à conquista dodesenvolvimento nacional e não submetido aos interesses das potências hegemônicas.
3) O terceiro governo do ciclo militar, sob a liderança de Ernesto Geisel, adotou a linha do pragmatismo responsável, a qual, sob nova roupagem, retomava os padrões da política externa de Castelo Branco, fundamentada no relacionamento especial com os EUA e na conveniência de se distanciar de outros pólos de poder no âmbito do capitalismo.
4) O estreitamento das relações com a Argentina de Alfonsín, ocorrido durante o governo Sarney, ainda que não tenha resultado em aproximação mais objetiva, que redundasse em acordos econômicos entre Brasil e Argentina, teve o mérito de superar históricas rivalidades, atenuadas, apenas circunstancialmente, por ambos os regimes militares
RESPOSTA CCEE

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