18/05/2010

Depois do futebol, a bioenergia é o diferencial brasileiro

Depois do futebol, a bioenergia é o diferencial brasileiro

Viver Sustentável - Programa 10: Biocombustíveis - Biodiesel from Viver Sustentável on Vimeo.


O Brasil é o país mais verde do mundo, é o que mais usa biomassa, segundo Marcos Silveira Buckeridge, do Depto. de Botânica do Instituto de Biociências da USP. O etanol é o principal produto a tornar o Brasil liderança nessa área, mas não é o único. As possibilidades a serem exploradas via ciência e tecnologia são várias. Existe, por isso, uma “einstenlândia” montada para o desenvolvimento da pesquisa nessa área.

O Centro de Tecnologia Canavieira CTC é um dos exemplos , junto com o Programa de Bioenergia BIOEN da FAPESP, o Laboratório de Fisiologia Ecológica LAFIECO,o laboratório de mudanças climáticas e o Institudo de Ciencia e Tecnologia do Bioetanol CTBE. Com laboratórios modernos e equipados esses centros de pesquisas desenvolvem produtos novos e melhoram a qualidade dos atualmente utilizados.

Só usando a cana-de-açúcar como fonte energética, além do 1/3 de energia que hoje é produzído via alcool, ainda restam 2/3 de possibilidade para aumentar a produção, explorando o bagaço e a palha. Contudo, barreiras técnicas têm de ser superadas, principalmente com relação à celulose do bagaço. As equipes de pesquisadores se dividem, então, para pesquisar: variedades de plantas, carga genética, fungos, enzimas e processos catalizadores.
Com relação à planta, buscam-se variedades de cana que sejam mais maleáveis, cuja parede celulósica não seja tão estruturada, para facilitar a hidrólise e a extração da energia. Geneticamente o sequenciamento da cana tem sido feito por um consórcio mundial do qual o Brasil é líder. Inserir gene de fruto pode gerar a “cana-papaia”, planta que se auto destrói, como os frutos, para liberar os sementes. Fungos e outros microorganismos que atacam a celulose para produzir açúcar, também têm sido pesquisados E têm sido buscadas enzimas. Em Riberao Preto já existe enzima sintética transgênica que aumenta a produtividade da hidrólise.

O objetivo principal de toda essa pesquisa é evoluir da primeira geração de biocombustíveis (cana-etanol) para a segunda geração que usa bioquímica e termoquímica para aproveitar açúcares como xylose, arabinose e glucose que as enzimas naturais não digerem e que em condições normais de temperatura e pressão são muito estruturados para que se possa extrair deles energia.

Durante o desenvolvimento dessa pesquisa, ocorrem externalidades positivas, como a descoberta de uma fibra solúvel que passou a ser utilizada pela indústria alimentícia e um composto anti-diabético que vem sendo estudado pelas farmacêuticas. Dessa forma, o investimento em pesquisa e tecnologia de ponta tem uma grande capacidade de produzir produtos e serviços derivados que podem vir a ser explorados economicamente de forma independente, gerando não só recursos para os centros de pesquisa e para os pesquisadores, como também desenvolvimento sustentável para o Brasil.

O esforço tem de ser transdiciplinar, com muitos cientistas de muitas áreas para desenvolver soluções para os problemas da sociedade. O Brasil, como país mais verde do mundo, investindo cada vez mais em pesquisa e tecnologia limpa, tem a oportunidade não só de se desenvolver como também de gerar benefícios para a humanidade como um todo, como a mitigação dos efeitos do aquecimento global.

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