04/07/2010

Instituto Vladimir Herzog comemora um ano de existência juntando as mãos de público eclético.

Ligar erudito ao popular é desafiador, mas foi a receita de sucesso para estimular o pensamento sobre democracia, educação e felicidade, sábado, 3/7, na Sala São Paulo.

Surpreendeu positivamente o caldo sincrético regido pelo maestro João Carlos Martins com a Filarmônica Bachiana SESI-SP, a bateria da escola de samba paulistana Vai-Vai, a cantora Fafá de Belém e o coral A Música Venceu (o mesmo que participou da interpretação da Nona de Beethoven no último capítulo da novela Viver a Vida). O espetáculo comemorou o primeiro ano de existência do Instituto Vladimir Herzog, na Sala São Paulo, sábado, 3 de julho de 2010, às 21horas.
A programação do Encontro Musical pela Educação, Cidadania e Feliciadade começou com Intermezzo, de Pietro Mascagni, suave e bem de acordo com o início. Na sequência, a Sinfonia nº4 em fá menor, Op.36, I Andante sostenuto e Moderato con anima, de Tchaikovsky. Até esse ponto a Filarmônica Bachiana SESI-SP era regida pelo maestro João Carlos Martins.
Em Tributo a Ennio Marricone, João Carlos Martins assume o piano e interpreta a trilha do filme "Cinema Paradiso", junto com a Filarmônica Bachiana SESI-SP, regido por Sergei Eleazar de Carvalho (filho de um dos mais notórios maestros brasileiros: Eleazar de Carvalho, responsável pela fundação da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).
Sobem ao palco Fafá de Belém e as crianças do coral A Música Venceu, da comunidade de Paraisópolis e Carapicuíba, que sob direção de Silvia Shuster, arranjo de José Antônio Almeia e regência de Sergei Eleazar de Carvalho interpretam Aprendizes da Esperança de Kleitom Ramil e Beto Fogaça. João Carlos Martins volta ao piano para todos juntos executarem a Melodia Sentimental de Heitor Villa-Lobos.
Em seguida Fafá de Belém canta O Bêbado e a Equilibrista de João Bosco e Aldir Blanc, uma das músicas mais marcantes da época da ditadura em que há menção à Clarisse, viúva de Vladimir Herzog (“Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil”).
A Bateria da Vai-Vai então vem a público para conferir uma poderosa batida popular às músicas seguintes que variaram desde a Sinfonia nº 5 em dó menor Op, 67 (I Allegro con brio) de Ludwig van Beethoven até o Hino Nacional Brasileiro.
Maior que o desafio de ornar esse caldo musical tão heterogêneo e de reger músicos com bagagens tão diferentes foi escolher um repertório que agradasse ao público díspare em termos de idade, gosto musical e origem.
Independentemente se conseguiu agradar a gregos e a troianos, o evento valeu também pela oportunidade de relembrar a história, homenagear a memória de Vladimir Herzog e, de certa forma, promover a construção da democracia. Afinal a cultura é ferramenta importante que pode ser usada para a integração social e, consequentemente, para o aprofundamento da democracia brasileira.
Ouça entrevistas com o público:
José Luis del Roio 67 anos, Ana Isabel 9 anos, Paulo, 30 anos, Alessandro Ventura, 71, Ivo Herzog, engenheiro, Vladmir Saqueta, promotor cultural, Dácio Nitrini, jornalista.

Autora: Danielle Denny, participante do Projeto Repórter do Futuro.

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