02/12/2011

COMÚSICA, Maceió, 2011



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Palestra ministrada por Danielle Denny, dia 2/12/11, em Maceió:

Link para o material projetado duranta a apresentação.


Resumo expandido:


O FESTIVAL SWU NO CONTEXTO DA ECONOMIA DA COMUNICAÇÃO


A economia dos bens informacionais e imateriais tem sofrido o impacto econômico das revoluções tecnológicas que fazem com que a informação seja cara para ser produzida, mas extremamente barata para ser utilizada e reproduzida. As técnicas de aprisionamento de conteúdo e os monopólios de bens simbólicos e culturais foram profundamente alterados pelas novas tecnologias que disponibilizaram formas rápidas e fáceis de compartilhamento de dados. Nesse contexto, a indústria cultural ainda procura um novo modelo de negócio que possa garantir sua viabilidade econômica. A promoção de festivais musicais parece ser uma saída, inclusive, muito rentável. Por outro lado, as apresentações musicais em eventos coletivos como os festivais de música são capazes de gerar um ambiente privilegiado para intervenções de forma a favorecer a educação, despertar e promover a postura ética e ecológica dos participantes. Pela memória musical, experiências sonoras podem ser vinculadas a determinadas atitudes e, assim, promover ações e compromissos ecológicos. O caso concreto sob análise é o SWU 2010 (sigla de Starts With You ou Começa Com Você) que tinha como objetivo articular a educomunicação ambiental à imersibilidade sonora nos três dias de festival realizado em Itú/SP, na Fazenda Maeda, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2010. O presente artigo identifica que a sustentabilidade foi usada meramente para promover o consumo durante o SWU. Conclui que, contrariando as expectativas, não houve a defesa efetiva dos valores éticos da sustentabilidade, ou o uso do ambiente musical para promover informação socioambiental. Perdeu-se uma importante oportunidade para usar o ouvir como disposição para sermos tocados pelas idéias da sustentabilidade. As iniciativas comunicacionais do SWU foram estruturadas de acordo com a lógica do eco marketing e do eco capitalismo, suas ações não foram verdadeiramente sustentáveis. Ao SWU, portanto, faltou ação política, foi apenas uma mega campanha publicitária de comunicação de massa que usou a defesa da sustentabilidade para se promover mas não traduziu os valores socioambientais em uma plataforma de informação e entretenimento. Em seu site o SWU pretendia ser um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. Sob os valores de paz, amor, consciência e atitude, teria o intuito de mobilizar o maior número possível de pessoas para a causa da sustentabilidade. Sua finalidade seria mostrar que, por meio de pequenas ações individuais praticadas no dia a dia, as pessoas podem ajudar a construir um mundo melhor para se viver. Contudo, a principal mensagem passada pelo SWU foi que a sustentabilidade pode ser usada para aumentar os preços, diminuir os custos e ganhar competitividade perante os concorrentes, reafirmando os princípios básicos da economia da comunicação. Sob a bandeira da sustentabilidade muita gente trabalhou de graça, foram conseguidos incentivos fiscais e parcerias com secretarias do Meio Ambiente. Além disso, bandas que não viriam se fosse um concerto comum, simplesmente patrocinado por empresas como Nestlé, Heineken e OI, por exemplo, vieram só porque o evento se propunha ético e socioambientalmente comprometido. Ou seja, o uso econômico dos valores socioambientais foi fundamental para viabilizar o modelo de negócio do SWU. A análise teórica do presente artigo é feita sob a perspectiva dos valores econômicos, da vinculação, da comunicação orquestral, da (in)comunicação, da verticalidade, da cultura do ouvir, dos diálogos e dos discursos. Este artigo parte de uma análise de caso, segue a metodologia fenomenológica e tem como referencial teórico autores como Shapiro(1999), Castells (2009), Winkin (1998), Flusser (2007), Pross (1980), dentre outros.

Palavras-chave: Economia da comunicação. Música. Sustentabilidade. Educação. Comunicação e Incomunicação.



Danielle Denny é mestranda em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP, Linha de Pesquisa Processos Midiáticos: Tecnologia e Mercado, Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir.



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